Odisseu, também conhecido como Ulisses, é um dos heróis mais fascinantes da mitologia grega. Sua história é narrada na Ilíada e na Odisseia. As duas epopeias de Homero retratam sua participação na Guerra de Troia e sua longa jornada de volta à Ítaca.
O que torna o herói da Odisseia um personagem tão marcante? Sua astúcia, sua relação com os deuses e os desafios que enfrentou no retorno ao lar?
Neste artigo, vamos explorar a jornada do herói, desde seu papel na Guerra de Troia até os desafios enfrentados. Assim como, vamos analisar seu caráter e que o torna diferente de heróis gregos como Aquiles e Heitor, e a filosofia por trás de sua jornada.
Continue lendo para descobrir como Odisseu superou cada provação e se consolidou como um dos maiores heróis da literatura ocidental!
Índice
Elementos que Marcaram o Personagem

Filho de Laertes e Anticleia, Odisseu é o rei de Ítaca, uma pequena ilha no mar Jônico. Ítaca é muito importante para a construção da identidade do herói. Ela simboliza o motivo pelo qual ele vai à guerra e seu desejo de retorno. O herói buscava mais do que glória; ele quer retornar à sua família.
A Personalidade do Herói da Odisseia
O personagem é frequentemente descrito como um herói inteligente. Ele tem uma sabedoria prática, baseada na astúcia e na adaptação. Essa qualidade era muito valorizada na Grécia antiga. O uso de disfarces e enganos mostra como ele se ajustava a diferentes situações.
Episódios como o Cavalo de Troia e o encontro com Polifemo mostram a sua astúcia. Essas características o diferenciam de heróis como Aquiles. Enquanto Aquiles usa sua força, o saqueador de cidades usa estratégia e astúcia. Contudo, ambos os heróis têm qualidades desejáveis na visão grega.
O Papel das Profecias
As profecias são muito importantes em sua trajetória. Momentos como o oráculo de Tirésias prevendo o seu retorno à Ítaca e sua jornada final, mostram o conceito grego de destino. Os deuses estabelecem um caminho, mas cabe ao herói fazer as suas escolhas.
A obra transmite uma relação complexa entre destino e livre-arbítrio. Embora o personagem parece estar preso a eventos predeterminados, ao mesmo tempo, que ele também tem influência sobre o seu destino.
A Participação de Odisseu na Guerra de Troia

Odisseu teve um papel fundamental na Guerra de Troia, retratada na Ilíada. Embora o herói tenha tentado evitar a convocação, participou ativamente do conflito. Os eventos que ocorreram durante a guerra influenciaram seu retorno à Ítaca.
A Tentativa de Evitar a Convocação
Quando os mensageiros de Agamêmnon chegaram à Ítaca, ele tentou evitar a guerra. Então, elaborou um plano. O herói fingiu estar louco, arando o campo com um boi e um burro, semeando sal em vez de grãos.
No entanto, seu plano foi descoberto quando Palamedes colocou seu filho, Telêmaco, na frente do arado. Ao desviar, mostrou que estava são e foi forçado a se juntar ao exército grego.
A relutância de em participar da guerra o contrasta com outros heróis, como Aquiles. Enquanto Aquiles buscava glória, Odisseu valorizava a segurança e a estabilidade. Essas características estão presentes em todo o momento em sua jornada de retorno.
O Cavalo de Troia
Odisseu foi um dos principais estrategistas durante o cerco de Troia. Sua maior realização, durante a guerra, foi criar a estratégia do Cavalo de Troia. Ele sugeriu construir um grande cavalo de madeira para esconder guerreiros no seu interior.
O plano funcionou: os troianos, pensando que era um presente, levaram o cavalo para dentro da cidade. Isso permitiu que os gregos abrissem os portões e o seu exército invadisse a cidade fortificada.
O Cavalo de Troia é um dos exemplos que o marca como um guerreiro que vence com estratégia, diferente de Aquiles e Heitor. O seu sucesso não veio através da força, mas da inteligência e estratégia. Características que perseguiram o herói nas duas epopeias.
Odisseu e Outros Heróis da Guerra
O herói da Odisseia se diferencia de heróis como Aquiles e Heitor por sua astúcia. Aquiles era impulsivo e buscava glória, enquanto ele usava estratégia e inteligência. Heitor simbolizava o dever e a honra, em contraste com a flexibilidade moral do herói.
A oposição entre o grande herói da Ilíada, Aquiles, é clara. Aquiles escolheu a guerra e uma morte gloriosa, enquanto Odisseu via o conflito como um meio para um fim maior. Ele desejava sobreviver a guerra e voltar para o seu reino. Esse contraste reflete os diferentes ideais heroicos da Grécia antiga.
O Início de Sua Jornada de Retorno
Após a queda de Troia, Odisseu começou sua longa jornada de volta à Ítaca. Esse caminho foi repleto de provações e desafios, impostos pelos deuses e por suas escolhas. A demora de dez anos para chegar à Ítaca aconteceu por muitos motivos. Um deles foi a ira de Poseidon. Ele puniu o herói por ferir seu filho, o ciclope Polifemo.
Além disso, ele enfrentou dilemas morais e psicológicos. A tentação de ficar com Calipso, o canto das Sereias e os testes de Circe mostram os desafios que ele enfrentou. As dificuldades representam mais do que um retorno físico; elas reafirmam sua posição como rei, esposo e pai.
Os Desafios da Jornada de Odisseu

Após a vitória grega na guerra, na companhia de seus companheiros iniciaram a viagem de retorno. No entanto, a arrogância dos guerreiros e a interferência dos deuses nos eventos tornaram a jornada tortuosa. Uma das principais dificuldades enfrentadas por Odisseu foi a ira de Poseidon. Dentre os principais eventos da obra, podemos citar:
- Polifemo, o Ciclope: Com certeza o encontro com Polifemo é um dos episódios mais marcantes da Odisseia. O herói e seus companheiros ficam presos na caverna do gigante, que devora alguns dos marinheiros. Odisseu embriaga Polifemo e cega o gigante com uma estaca quente. Depois, ele foge se escondendo debaixo dos carneiros.
- Circe, A Feiticeira: Odisseu e sua tripulação chegam à ilha da feiticeira Circe, que transforma a tripulação do herói em porcos. Com a ajuda do deus mensageiro, Hermes. Ele resiste aos encantos da feiticeira e consegue convencê-la a reverter o feitiço.
- O Mundo dos Mortos: Odisseu viaja para o Mundo dos Mortos para consultar Tirésias, o adivinho cego. O encontro revela as dificuldades que o herói viria enfrentar e o alerta sobre os perigos que o aguardavam em sua jornada. Além disso, Odisseu se depara com as almas de antigos companheiros de guerra e entes queridos.
- Odisseu e as Sereias: Ao passar pelo território das Sereias, Odisseu segue as instruções de Circe. Ele manda que sua tripulação tampe os ouvidos com cera. Enquanto isso, ele é amarrado ao mastro do navio. Assim, ele pode ouvir o canto sem ceder à tentação.
- A Ilha de Calipso: Odisseu é mantido na ilha de Calipso por sete anos, até que os deuses intervêm e ordenam sua libertação. A deusa oferece imortalidade a Odisseu, mas ele recusa, reafirmando seu desejo de retornar à Ítaca.
- A Vingança Contra os Pretendentes de Penélope: Quando Odisseu chega a Ítaca, ele se disfarça. Ele encontra sua casa cheia de pretendentes. Esses homens cortejam Penélope e gastam suas riquezas. Com a ajuda de seu filho Telêmaco e de seus servos leais, ele organiza uma vingança brutal, eliminando todos os pretendentes.
A Relação de Odisseu com os Deuses

A Odisseia de Homero tem um forte aspecto religioso. A relação entre Odisseu e os deuses do Olimpo é muito importante para a narrativa.
Os deuses não só interferem diretamente no destino do personagem, mas também representam virtudes, falhas e desafios universais da condição humana. Sendo assim, durante a jornada de Odisseu percebemos a atuação divina em vários momentos.
Atena: Mentora e Protetora
Atena, deusa da sabedoria e da estratégia, é a principal aliada de Odisseu ao longo dos dois épicos. Atena é a guia divina do herói. Ela intervém em momentos importantes. Por exemplo, ela inspira Odisseu a traçar o plano do Cavalo de Troia.
Ela também o ajuda a recuperar seu trono em Ítaca. Sua relação com Odisseu é um símbolo que liga a razão e o destino. O herói, ao agir com astúcia, se alinha com os planos dos deuses.
A Rivalidade com Poseidon
Poseidon, o deus dos mares, se apresenta como o principal antagonista divino de Odisseu. O papel que o deus exerce na obra simboliza as forças incontroláveis da natureza e os seus efeitos.
A ira do deus contra Odisseu é devida ao ferimento causado por Odisseu a seu filho, Polifemo, o ciclope. A tempestade que dispersa a frota de Odisseu e sua longa jornada de retorno são resultados dessa ira.
Hermes, Hades e Outros Deuses do Olimpo
Além de Atena e Poseidon, outros deuses têm papeis fundamentais na trajetória de Odisseu. Hermes, mensageiro dos deuses, ajudou Odisseu ao oferecer-lhe uma erva mágica para resistir aos encantos de Circe.
Hades representa o conhecimento oculto e a introspecção na obra. É no Mundo dos Mortos que Odisseu consulta Tirésias. Ele dá conselhos importantes para a jornada de Odisseu.
Essas interações mostram o que é a viagem. Odisseu precisa enfrentar desafios físicos e também descobrir mais sobre si mesmo e seu destino.
Suas provações, relação com os deuses e determinação para retornar a Ítaca fazem do herói um personagem que sobreviveu ao tempo, cuja história continua a encantar leitores durante os séculos.
Os desafios enfrentados por Odisseu podem ser lidos tanto como provações necessárias para seu amadurecimento quanto como punições divinas por sua arrogância. A concepção grega do hubris, o excesso de confiança que desafia a ordem divina, é um tema recorrente na Odisseia.
A longa jornada do herói reflete a necessidade de aprendizado e humildade diante dos deuses e do destino. As provações representam a linha tênue entre castigo e crescimento, onde cada obstáculo é transformado em uma lição para a construção do herói.
A jornada de Odisseu vai muito além de uma simples aventura. Ela reflete o conflito entre destino e livre-arbítrio, a sobreposição da inteligência sobre a força e os desafios que constroem a identidade de um herói.
Suas provações, sua relação com os deuses e sua determinação para retornar a Ítaca fazem de Odisseu um personagem que sobreviveu ao tempo, cuja história continua a encantar leitores durante os séculos.
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Referências
HOMERO. Odisseia. Tradução de Christian Werner. São Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2014.
DODDS, Eric R. The Greeks and the Irrational. Berkeley: University of California Press, 1951.
LONG, A. A. Stoic Studies. Berkeley: University of California Press, 2002.
NAGY, Gregory. The Best of the Achaeans: Concepts of the Hero in Archaic Greek Poetry. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 199
Leitura Recomendada
Odisseia
Homero, Penguin-Companhia (2011)
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