Aquiles é um dos heróis mais icônicos da mitologia grega e a figura central da Ilíada, de Homero. Conhecido por sua força e invulnerabilidade, ele simboliza a eterna luta entre glória e mortalidade.
Como filho de Peleu, um mortal, e da deusa Tétis, Aquiles recebeu a coragem dos guerreiros e a essência divina de sua mãe.
Neste artigo, vamos falar sobre a origem do personagem. Vamos ver seu papel na Guerra de Troia. Também vamos discutir seus confrontos importantes, sua morte e como ele influencia a cultura moderna.
Ao entender sua história, vemos como esse personagem influenciou a literatura, o cinema, a televisão e até os videogames.
Mas o que torna Aquiles um personagem tão marcante? Será sua força sobre-humana ou o destino trágico que o aguardava? Continue lendo e descubra como sua lenda ainda ressoa nos dias de hoje.
Índice
Quem foi Aquiles na Mitologia Grega?

Aquiles é um dos heróis mais famosos da mitologia grega e o grande protagonista da Ilíada, obra épica de Homero. Ele é filho de Peleu, rei dos mirmidões, e da nereida Tétis, carregando uma herança dupla: mortal por parte do pai e divina por parte da mãe.
Peleu: O Pai de Aquiles
Peleu era um lendário guerreiro e rei da Tessália, governando os mirmidões, um povo extremamente leal e de tradição militar. Ele fazia parte da geração de heróis que precedeu a Guerra de Troia e que viveu grandes aventuras em sua juventude.
Uma das histórias mais conhecidas sobre ele envolve a purificação do rei Éaco após matar seu meio-irmão. Além disso, Peleu também fez parte da expedição dos Argonautas na busca pelo Velocino de Ouro.
Seu casamento com Tétis não foi um evento comum. No princípio, Zeus e Poseidon desejavam se casar com a ninfa, mas uma profecia revelou que o filho dela seria mais poderoso que o pai. Para evitar riscos, os deuses decidiram que Tétis deveria se casar com um mortal.
O casamento foi grandioso, celebrado entre os deuses do Olimpo. No entanto, esse evento também marcou o início do conflito que levou à Guerra de Troia.
Durante a cerimônia, a deusa Éris, ressentida por não ter sido convidada, jogou o famoso “pomo da discórdia” entre as deusas Hera, Atena e Afrodite, iniciando uma disputa que influenciaria no épico conflito.
Tétis: A Mãe Divina
Tétis era uma nereida, filha de Nereu, conhecido como o “Velho do Mar”. Como muitas de suas irmãs, ela possuía habilidades especiais, como o poder de mudar de forma.
Desde o nascimento de Aquiles, Tétis tentou protegê-lo de seu destino mortal. Uma das versões mais populares da história diz que ela mergulhou o filho nas águas do rio Estige, que tornavam qualquer um invulnerável.
No entanto, ao segurá-lo pelo calcanhar, essa parte de seu corpo não foi tocada pela água, tornando-se seu único ponto fraco.
A Natureza de Aquiles
A origem de Aquiles mostra um dos principais dilemas da Ilíada. Ele nasceu com habilidades sobre-humanas, como força e velocidade. No entanto, por ser parcialmente mortal, ele não pode escapar da morte.
Essa tensão entre o divino e a fragilidade humana define sua trajetória. Ele sabe que lutar na Guerra de Troia significa encontrar um fim prematuro, mas também que seu nome será lembrado para sempre.
Sua decisão de ir para a batalha mostra um tema importante da obra: a busca pela glória eterna, mesmo que custe a vida.
Treinamento com o Centauro Quíron
Após a partida de Tétis, Peleu confiou Aquiles aos cuidados do centauro Quíron, que havia treinado diversos heróis. No Monte Pélion, ele ensinou o jovem nas artes da guerra, da medicina, da música e da ética.
Com Quíron, Aquiles desenvolveu suas habilidades de combate e caça, além de aprimorar sua velocidade e destreza. Foi nesse período que ele se tornou o guerreiro lendário que mais tarde se destacaria na Guerra de Troia.
O Papel de Aquiles na Guerra de Troia

Na Ilíada de Homero, Aquiles é uma das figuras centrais da Guerra de Troia. Considerado o guerreiro mais poderoso entre os gregos, sua presença no campo de batalha era decisiva. No entanto, sua personalidade intensa e seu forte senso de honra também geraram conflitos entre os próprios gregos.
A Ilíada não conta como começou a guerra. Ela foca nos eventos mais importantes do décimo e último ano do cerco a Troia, especialmente os que envolvem Aquiles.
O Conflito com Agamemnon
Um dos primeiros eventos da Ilíada é o desentendimento entre Aquiles e Agamemnon, líder da coalizão grega.
O atrito começa após os aqueus saquearem cidades aliadas de Troia e tomarem várias mulheres como prisioneiras. Entre elas estão Criseida, dada a Agamemnon, e Briseida, entregue a Aquiles como recompensa por sua bravura.
O problema surge quando Crises, sacerdote de Apolo e pai de Criseida, implora pela liberação da filha. Agamemnon se recusa e, como punição, Apolo lança uma praga sobre o exército grego. Para conter a calamidade, Agamemnon finalmente devolve Criseida, mas, em um gesto de afronta, toma Briseida de Aquiles.
Para o herói, isso não representava apenas a perda de um troféu, mas um ataque à sua honra (timé). Furioso, Aquiles tenta matar Agamemnon, mas é contido por Atena, que o convence a recuar.
Mesmo assim, ele decide abandonar a guerra e pede à sua mãe, Tétis, que suplique a Zeus para que os troianos derrotem os gregos, provando assim sua importância.
A Morte de Pátroclo

Com a ausência de Aquiles, os gregos começam a sofrer seguidas derrotas. O príncipe troiano, Heitor, lidera seus guerreiros com sucesso, empurrando os aqueus para uma posição defensiva.
Diante dessa crise, Pátroclo, amigo e companheiro de Aquiles, toma uma decisão ousada: veste a armadura do herói e lidera o exército grego na batalha.
No combate, Pátroclo consegue repelir os troianos e até mata Sarpedão, filho de Zeus. No entanto, ao tentar avançar mais, ele é morto por Heitor, com a ajuda de Apolo e do guerreiro Euphorbo. Heitor, então, se apropria da armadura de Aquiles, um gesto que representa uma profunda humilhação para o herói grego.
Ao receber a notícia da morte de Pátroclo, Aquiles é tomado pela fúria. Sua mãe, Tétis, tenta consolá-lo e pede a Hefesto que forje uma nova armadura para seu filho. Esse momento marca o retorno de Aquiles à guerra, agora movido por um desejo ardente de vingança.
O Duelo com Heitor e sua Morte

De volta ao campo de batalha, Aquiles mata muitos troianos, forçando-os a recuarem para dentro das muralhas da cidade. Heitor, no entanto, decide enfrentar o herói em um duelo, movido por um senso de honra.
A luta é descrita de forma intensa e dramática.
- Antes do combate, Heitor tenta negociar com Aquiles para que ambos respeitem os corpos um do outro após a luta, mas Aquiles recusa qualquer acordo.
- Percebendo a força de seu adversário, Heitor tenta fugir, e os dois correm três vezes ao redor das muralhas de Troia.
- Finalmente, Heitor enfrenta Aquiles, mas é superado com rapidez. O golpe fatal vem com uma lança que atravessa seu pescoço, matando-o.
- Ainda tomado pela fúria, Aquiles se recusa a devolver o corpo de Heitor para um funeral digno. Em vez disso, amarra o cadáver à sua carruagem e o arrasta ao redor das muralhas de Troia como um sinal de desonra.
Por doze dias, ele continua a profanar o corpo, até que o rei Príamo, pai de Heitor, se humilha diante de Aquiles e implora pela restituição do filho. Nesse momento, o herói tem compaixão pela dor do rei e finalmente cede, entregando o corpo de Heitor.
A Importância de Aquiles na Guerra
A presença de Aquiles foi decisiva para o desenrolar da guerra. Sua ausência trouxe grandes perdas para os gregos, enquanto seu retorno mudou completamente o curso do conflito. Sua jornada narrativa na Ilíada é marcada por ira, orgulho, vingança e, no fim, redenção, tornando seu personagem complexo e fascinante.
Além disso, Aquiles é um dos primeiros grandes exemplos do herói trágico: alguém com força e habilidades incomparáveis, mas cujo destino já está selado.
Mesmo sendo quase invencível, ele não pode escapar da profecia que prevê sua morte pouco depois da queda de Troia. Esse elemento reforça um dos temas centrais da mitologia grega: o papel implacável do destino na vida dos mortais.
A Morte de Aquiles

A Ilíada de Homero não narra diretamente a morte de Aquiles, pois o poema termina antes desse evento. No entanto, fontes posteriores, como a Epopeia Cíclica, a Pequena Ilíada e a Posthomerica de Quinto de Esmirna, além de obras de autores como Virgílio, na Eneida, e Ovídio, em Metamorfoses, relatam os detalhes de sua queda.
O Caminho para a Morte
Após a morte de Heitor e a devolução de seu corpo ao rei Príamo, Aquiles continuou a lutar, desempenhando um papel essencial nos momentos finais da guerra:
- Batalha contra Pentesileia – Aquiles enfrenta e mata Pentesileia, a rainha das amazonas. Em algumas versões, há um momento de tragédia e ironia, pois ele se apaixona por ela no instante de sua morte.
- Combate contra Memnon – O herói também enfrenta e derrota Memnon, rei dos etíopes e filho da deusa Eos (a alvorada), que havia vindo em auxílio dos troianos.
- Ataque aos portões de Troia – Em algumas versões do mito, Aquiles chega a alcançar os portões da cidade ou até mesmo a invadi-la.
A Queda do Herói
A morte de Aquiles ocorre quando o príncipe troiano Páris, o mesmo que iniciou a guerra ao raptar Helena, dispara uma flecha fatal que atinge o herói no calcanhar, seu único ponto fraco.
No entanto, a narrativa enfatiza que Páris não teria conseguido sozinho. Em diversas versões, Apolo guia a flecha ou até mesmo a dispara diretamente, garantindo que ela atinja o guerreiro. Além disso, algumas versões indicam que a flecha estava envenenada, o que teria acelerado sua morte.
Mesmo com sua força e resistência sobre-humanas, Aquiles não pôde resistir à ferida em seu calcanhar, selando assim o seu destino.
O Calcanhar de Aquiles e sua Simbologia
A vulnerabilidade de Aquiles remete ao episódio de sua infância, em que Tétis, sua mãe, tentou torná-lo invulnerável ao mergulhá-lo nas águas do rio Estige. No entanto, ao segurá-lo pelo calcanhar, essa parte permaneceu intocada e, portanto, vulnerável.
Esse detalhe se tornou um dos símbolos, dando origem à expressão “calcanhar de Aquiles”, usada até hoje para descrever o ponto fraco de alguém, independentemente de sua força ou poder.
As Consequências de sua Morte
A morte do maior guerreiro teve um impacto profundo no desfecho da guerra e no destino de seus companheiros:
- A disputa por seu corpo e armadura – Uma batalha violenta se inicia entre gregos e troianos pelo direito de possuir seu corpo e armadura. Odisseu e Ajax, lutando lado a lado, conseguem resgatá-lo e levá-lo de volta ao acampamento grego.
- O conflito entre Ajax e Odisseu – Surge uma disputa sobre quem deveria herdar a armadura do herói, forjada pelo deus Hefesto. Odisseu sai vitorioso, o que leva Ajax a enlouquecer e tirar a própria vida.
- A queda de Troia – A perda de Aquiles marca um dos últimos grandes eventos antes da destruição de Troia. Sem seu guerreiro mais poderoso, os gregos precisam recorrer à astúcia de Odisseu e ao ardil do Cavalo de Troia para finalmente derrotar os troianos.
A morte de Aquiles, embora trágica, reafirma sua posição como um dos maiores heróis da mitologia grega. Mesmo invencível em combate, ele não pôde escapar de seu destino, consolidando seu papel como um ícone do heroísmo e da fatalidade.
A Influência do Herói na Cultura
Aquiles, um dos heróis mais icônicos da mitologia grega, continua a inspirar inúmeras obras literárias, cinematográficas e artísticas. Sua trajetória trágica, marcada pela dualidade entre força e vulnerabilidade, ecoa em diferentes mídias, garantindo-lhe um lugar permanente na cultura contemporânea.
O Herói na Literatura
A figura de Aquiles tem sido revisitada por escritores que exploram suas paixões, sua fúria e sua humanidade sob novas perspectivas:
- James Joyce – Ulisses (1922): Embora centrado na figura de Odisseu (Ulisses), o romance de Joyce dialoga com o arquétipo de Aquiles, refletindo o tema da luta contra o destino e a inevitabilidade da tragédia na jornada humana.
- Madeline Miller – A Canção de Aquiles (2011): Essa obra oferece uma releitura intimista da relação entre Aquiles e Pátroclo, enfatizando o amor e a vulnerabilidade do herói.
- David Malouf – Ransom (2009): A novela expande um dos momentos mais comoventes da Ilíada: o encontro entre Príamo e Aquiles. Malouf explora a humanidade do guerreiro e a transformação que ocorre quando ele decide devolver o corpo de Heitor, revelando um lado mais introspectivo do herói.
Cinema e Televisão
A complexidade do personagem e seu papel na Guerra de Troia garantiram-lhe diversas adaptações, cada uma destacando diferentes aspectos do herói da Ilíada:
- Filme Troia (2004), de Wolfgang Petersen: Interpretado por Brad Pitt, Aquiles surge como um guerreiro independente e movido pela busca da glória. A adaptação enfatiza sua força e habilidades marciais, mas opta por excluir elementos fundamentais da mitologia, como sua relação com Pátroclo e a influência dos deuses.
- Série Troy: Fall of a City (2018), da BBC/Netflix: A série busca uma abordagem mais próxima da mitologia, representando a relação entre Aquiles e Pátroclo de forma mais direta.
Quadrinhos e Videogames
A mitologia grega continua a influenciar o universo dos quadrinhos e dos videogames, e Aquiles não poderia ficar de fora:
- Quadrinhos e Graphic Novels: O herói aparece em diversas adaptações mitológicas nos quadrinhos. The Iliad: A Graphic Novel, de Gareth Hinds, reconta a história de Homero com uma estética visual moderna.
- Hades (2020), da Supergiant Games: Em Hades, Aquiles não é um personagem jogável, mas atua como mentor de Zagreus, o protagonista. O jogo explora sua vida após a morte no submundo e aborda com sensibilidade sua relação com Pátroclo.
- Assassin’s Creed: Odyssey (2018), da Ubisoft: Aquiles é referenciado em diversas missões e surge como um oponente lendário na Arena, reforçando sua imagem de guerreiro.
A trajetória de Aquiles é uma das mais incríveis da mitologia grega. Desde seu nascimento e treinamento até seu papel na Guerra de Troia, ele exemplifica o arquétipo do herói trágico: poderoso, mas condenado pelo destino.
Sua busca pela glória eterna o tornou um dos maiores guerreiros da literatura, mas também o levou a enfrentar perdas dolorosas, como a morte de Pátroclo, que desencadeou sua fúria e desejo de vingança.
Sua morte, selada por sua única vulnerabilidade, tornou-se um símbolo atemporal da condição humana. A ideia de que, por mais fortes que sejamos, sempre haverá um ponto fraco. Seu legado ultrapassou as fronteiras da Ilíada, influenciando diversas obras literárias, adaptações cinematográficas e até jogos eletrônicos.
Se você se interessou pela história de Aquiles, não deixe de ler a Ilíada, um dos maiores épicos da literatura mundial. Compartilhe este artigo com seus amigos que gostam de mitologia e deixe seu comentário sobre o que mais te impressiona na história desse herói lendário.
Referência
HOMERO. Ilíada. Tradução de Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2013.
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Ilíada
Homero, Penguin – Companhia (2013)
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